sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Enfim, o relato da cirurgia.

Ah, como é bom ser criança e não se ter a real noção do que está acontecendo... Na sexta feira dia 16/9 as 14:30 estava marcada a tão temida cirurgia (temida pela mamãe e pelo papai, o Gui nem desconfiava). As 12:30 teriamos de estar no Hospital de Clinicas.
A ultima refeição estava marcada para 8:30 da manhã, depois disso nem água.
O Gui acordou as 7:30 e secou a mamadeira, beleza, dentro do planejado... As 8:15 resolvi fazer sua comida preferida (miojo, arghhh), mas tu adoras. Pensei que seria a única coisa que vc comeria nesse horário. Não comeu o prato cheio como de costume, mas comeu mais um pouco... pediu uma bolacha, comeu metade e te empurrei um chocolatinho pra te sustentar.
Colocamos as malas no carro (mamãe exagerada, com medo de passar a noite no hospital, fez uma “malinha básica”), te coloquei um abriguinho bem confortável para brincares bastante e se fomos para a pracinha...
Chegamos lá, foi só alegria, balanço, laguinho, as abençoadas tartarugas... como elas te tomaram atenção e tempo meu filho... e nós achando o máximo. Depois desse dia, depois do elefante, meu bicho preferido ficou sendo a tartaruga... brincamos muito na pracinha até as 11 horas, então fomos ao shoping para trocar tua roupinha e te comprar um brinquedinho novo a fim de ter novidades a te distrair no hospital. Ganhaste dois carrinhos que tocam musiquinhas  e ADORASTE.
Colocamos na cadeirinha e eu comecei a rezar, pedindo a Deus que dormisse. Mais uma vez Ele me atendeu. Chegamos no hospital e Papai ficou contigo dormindo no carro e eu  fui autorizar os papéis, andei por todo o lado. Mas consegui.
Depois de tudo autorizado cheguei ao local do preparo, pensei que poderia te trazer somente próximo das 14:30, mas não. As 13h tive que te buscar no carro e te levar pro preparo. Nos deram uma salinha preparada. Te coloquei a camisolinha e eu vesti a roupinha verde... Gui não gostou muito, mas começamos a elogiar e ele como sempre se sentindo o máximo, se achando a ultima bolachinha do pacote.
Eram aproximadamente 13:40 quando começastes a te irritar, brincava de carrinho, caminhava pelos corredores, conversava com as enfermeiras, mas nada mais te acalmava e começaste a pedir mamá.... Ai meu coração doía, mas não podia te dar... o Papai não podia sair da sala, pois não tinha a roupinha... então comecei a caminhar contido pelos corredores e a cantar, tinha algumas coisas diferentes pra tu olhar e por vezes te distraía, mas logo começava a chorar e te irritar de novo...
As 14:10 o Dr. Mauricio me catou no corredor e se apresentou a mim, era o anestesista... me mostrou os instrumentos lacrados que usariam na tua cirurgia e me tremeu as pernas, um nó na garganta. Voltei pro preparo e disse pro Papai que logo viriam buscar a gente.
As 14:40 vieram me chamar, fui ate a sala de cirurgia, entrei e o Dr. Fraga já estava esperando. Chorando bastante, deitei-o na mesa e tivemos de segurar com força, pois com o choro, ele se debatia muito e demorou a dormir. Dormiu soluçando, tadinho. A enfermeira comentou comigo o quanto tu era forte. Dei muito beijo e tive de sair da sala....
No corredor a enfermeira me acompanhou até o preparo de volta e disse que eu tirasse logo a roupa, pois seria muito rápido e em seguida já me chamariam na recuperação para que quando o Gui acordasse eu já estivesse ao lado dele. Falei isso pro Papai. Esse era o combinado, que acordasse na recuperação comigo junto.
Não agüentei esperar no preparo e fui pro corredor... Uma enfermeira me disse que eu não poderia esperar ali... nesse momento ouvi gritos e choro... Tinha certeza que eram do Gui, o pânico se instalou no meu semblante, tenho certeza disso. Disse pra enfermeira: -É o meu filho que ta chorando... Ela riu e me disse que não poderia ser, que ele ainda estaria dormindo. Insisti, mãe conhece o choro do filho. Olhei pra porta do preparo e o Ale tinha ouvido também. E estava com a mesma cara que eu fiz. A enfermeira então se ofereceu para ir ver se realmente era o Gui.
Demorou um pouco, mas quando voltou, já me disse pra entrar na recuperação que já estavam te trazendo.
Entrei naquela sala enorme cheia de crianças em seus leitos e mamães sentadas ao  lado e juro que não vi ninguém na hora. Só via um bercinho no fundo em outra salinha e uma enfermeira tentando te manter deitado. Acho que corri, não sei, mas acho que corri...
Te peguei no colo e comecei a tentar te acalmar, mas não conseguia. Chorou em meu colo por 40 minutos, (pelo menos foi isso que anotaram na ficha) Dr. Fraga veio falar comigo, mas só lembro de balançar a cabeça e não lembro de nada que ele me disse. Nesse tempo vieram mais duas crianças pra mesma sala e as duas estavam dormindo, dando tempo para a mamãe chegar... e só o Gui não? Ficou uma minhoca na minha cabeça.
Como não se acalmava, após 40 minutos liberaram a mamadeira. Papai mandou 2 logo, a enfermeira ainda riu, mas Papai é sábio e insistiu. Leva as duas, ele vai tar com fome...
Secou a mamadeira, se aninhou no colo e dormiu... suspirava, choramingava, mas dormiu.
Então liguei pro papai e dei noticias a ele. Tadinho do Papai, até então só sabia o que as enfermeiras lhe falavam...
Acordou e secou a segunda mamadeira. Diante disso (duas mamadeiras secadas) a enfermeira cogitou a hipótese de nos liberar... Já passava das 18:30.
Trocamos a roupa e saímos rumo a casa da vovó... Foi o caminho todo rindo, brincando, olhando os ônibus e os guinguim (caminhão), na casa da vovó, foi brincar de carrinho e bicicleta com o vovô, nem parecia que tinha sido operado.
Papai e mamãe foram comer, pois o papai ainda tomou café da manhã, a mamãe nem isso, a comida de manhã não descia. Meu corpo doía tanto que parece que eu tinha levado uma surra. Papai tinha piorado da garganta lá no hospital mas agüentou no osso pra não nos deixar sozinhos.
Era coisa simples, todos me diziam... Mas descobri que no filho da gente NADA é simples, nem cortar uma unha é simples se for feito num hospital. Ainda mais cortar a língua... não gosto nem de lembrar.
Mas o feriadão se passou tranquilamente, no sábado ao acordar, fomos a padaria e Gui voltou comendo um cassetinho, chegou em casa e pediu mais um. Diante disso me tranqüilizei, pois não deveria ter dor alguma. Ainda brinquei com o papai e junto com a língua, devem ter cortado o fundo do estômago, pois comia muito bem, hoho.

Ontem tinha retorno no Dr. Fraga, e eu tinha uma lista de perguntas a fazer. Queria saber por que tinha acordado na sala de cirurgia, cheguei a pensar que poderiam ter terminado de suturar acordado. Fico imaginando o pânico que ele sentiu ao acordar num lugar estranho, com gente estranha... Maluquices de mãe, eu sei, mas não podia parar de pensar nisso. Ainda me dói muito pensar nisso, mas me tranqüilizou ouvir do Fraga que eles estavam retirando o afastador da boquinha dele, quando ele acordou. Me disse que foi até bom, pois eles não usaram uma sedação muito forte, mas como o Gui é muito bravo, nem tentou reconhecer onde estava, já botou a boca no mundo e quando a enfermeira foi o tirar da mesa e colocar no berço, ai que o bicho pegou.
Me disse ainda que não há memória disso, mas quanto a essa parte de não ter memória, tenho minhas dúvidas. Pode ser que o Gui não se lembre no futuro, mas hoje tenho certeza que ainda lembra de ter acordado sozinho. Ele ainda dorme agarrado ao meu pescoço (agarrado mesmo, a ponto de acordar cada vez que levanto da cama). Chorou muito na quarta feira pra dormir a tarde com a vovó e chamava pela mamãe. E quando acorda de noite, e vê a mamãe de um lado e o papai do outro, ainda suspira como se estivesse aliviado, como quem pensa... Ufa que bom, dessa vez estão aqui....
Muitas dúvidas ainda rondam minha cuca maluca.... se doeu muito, se realmente era necessário te fazer passar por esse sofrimento, se realmente foi melhor ter acordado logo (essa eu duvido, por melhor profissional que o Fraga seja, seria melhor acordar no colo da mãe), mas segundo teu pediatra e o próprio Dr. Fraga, a lingua tava presa muito na ponta... poderia interferir até na alimentação em um futuro próximo. Pelo menos me consola um pouco pensar assim, mas tomara que nunca mais passsemos por uma dessas...
Disse a uma amiga-mãe-blogueira, que Deus não dá uma cruz maior do que tenhamos capacidade de agüentar... Ainda bem que a minha foi pequena, pois se o Gui tivesse algum “problema maior”, acho que realmente não conseguiria carregar...

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